sábado, 31 de outubro de 2009

ENQUANTO ISSO , O BRASIL TAMBEM SE ARMA

Brasilia-24.09.2009-em uma guinada surpreendente o Planalto anunciou que fechou acordo `combo` com os estados Unidos para a compra de um submarino nuclear e caças supersônicos.Com a promessa de transferência de tecnologia , já estã em ãguas brasileiras o submarino nuclear `SEAVIEW`, capitaneado pelo Almirante Nelson, comandado pelo Capitão Lee Crane , tendo como tripulação ainda o simpático chefe Sharkey e o atencioso marinheiro Kowalski.


O SEAVIEW quando da tavessia do Ártico, em 1966
Em relação a possiveis alegações de obsolescência, o Planalto informou que a decisão partiu do próprio Lula, ao afirmar que * é nuclear, e de qualquer maneira teremos uma bomba!!.O governo americano não vendeu os misseis nucleares que acompanharam o submarino por décadas.
o SEAVIEW fotografado na costa do Recife



A chegada do SEAVIEW está prevista para os primeiros dias de Outubro, e no quesito `caça` o submarino jã vem acompanhado de potente nave supersonica, o SubVoador, como bem mostra a foto a seguir:

A sempre simpatica tripulação do SEAVIEW, que ficarã um ano no Brasil comandando a fase de transição de tripulações americana/brasileira







DA DIREITA PARA A ESQUERDA : IMEDIATO CHIP MORTON, CHEFE SHARKEY, MARINHEIRO KOWALSKI (mas não é o Kowalski, indicação errada da Casa Civil), CAPITÃO LEE CRANE e o sempre elegante ALMIRANTE NELSON

A PERIGOSA ESCALADA ARMAMENTISTA AMERICANA-NAVISO DE GUERRA











Mais uma vez o mundo assiste totalmente inerte ao inexorável avanço da hegemonia americana.O que já foi feito no ar agora está sendo feito no mar, com belonaves cada vez mais sofisticadas e insuperavelmente covardes, de modo a não dar qualquer chance ao inimigo.

Agora , para a piora da situação , parece que os americanos aprenderam com os russos a chorar miséria alegando crise e decadência econômica e gastar cada vez mais seu orçamento em armas sofisticadas.

O mundo já esqueceu as décadas de 80 e 90 , onde os russos alardeavam profunda crise econômica mas mantinham arsenal nuclear , exercito poderoso e programa completo de estação Espacial.

Agora os americanos, acenando com a mudança do mundo, com perdas de mercado para Índia e China, mas cada vez mais “armando-se” para um futuro que certamente será de opressão aos países emergentes e pobres.








quinta-feira, 29 de outubro de 2009

FRANCAMENTE QUEM É CHICAGO PARA SE METER COM O RIO COMO SEDE DAS OLIMPÍADAS..ESSES CARAS SÃO UNS COITADOS!!!
















Tomara que não tenhamos feito bobagem em corromper com grana e bunda os delegados dp DPO CODI.kkkkk
































Com voces, CHICAGO, que perde para Curitiba que é a 3a melhor cidade do mundo de acordo com o Governador da época, Rei Tooth















REI TUT G. DE MACEDO, GOVERRNADOR DO PARANA































segunda-feira, 26 de outubro de 2009

EXISTE O BOM CONQUISTADOR?


OBAMA:OUTRAGEOUS BOMBING?















OBAMA: BOMBAS SÃO INACEITÁVEIS?





Estamos em uma encruzilhada civilizatória mesmo.Os EUA ,usando artifícios midiáticos totalmente falsos invadiu o Iraque de forma sensacional em 2003,matando centenas de milhares de pessoas.Com uma `blitzkrieg` de tanques cruzando o deserto, depuseram Saddam, entregaram o ditador a seus algozes, que o enforcaram nos últimos dias de 2005 via satélite para o horrorizado mundo, destruíram tudo o que puderam em matéria de sítios arqueológicos na região que o berço da civilização;arrasaram cidades inteiras com suas armas ultramodernas e guiadas a laser, não poupando mulheres e crianças e atualmente já deve ter ultrapassado a conta de um milhão de iraquianos mortos...e quando alguém se explode ele diz que é inaceitável?


ALGUM ASSESSOR DO OBAMA JÁ LHE DISSE QUE UM EXERCITO INVASOR TEM DE SER REPELIDO BRUTALMENTE?SOB PENA DE EXTINÇÃO DO PAIS INVADIDO, TANTO DA POPULAÇÃO QUANTO DA IDENTIDADE CULTURAL?


terça-feira, 20 de outubro de 2009

O ETERNO ENGODO DO PINUS ELLIOTIS

exemplo de terras pos cultivo de pinus








E incrivel que qualquer empresa com mais de cem funcionarios manda e desmanda no Brasil sem nenhuma consequencia, tudo em nome do desenvolvimento (?) e agora com a nova balela da auto-sustentabilidade.A plantaçao de eucaliptos em regióes silvestres é CRIMINOSA, criando uma patética floresta alienígena sem vida e ordenada , e pouco menso de uma decada depois um solo lateritico e lunar.
A plantaçáo náo da empregos, náo cria empregos e somente grandes areas sem vida (nenhum passarinho gorjeia nela) e com consumo de agua astronomico
Pergunta:Por que as regioes de Eucaliptos anteriores náo sao reaproveitadas ou replantadas? Porque nem Eucalipto dá mais lá.
O azar do Cerrado é que ele é visualmente náo muito atraente (eu acho lindo) e já enfiaram na cabeça da populaçao que sua bio-diversidade seria pequena e náo seria de fundamental importancia dado sua caracteristica agreste , o que é mais uma mentira criminosa.Isso permite essas loucuras de tentativa de destruí-lo pela soja, etanol e eucalipto, mas o Cerrado é o grande regulador climatico do hemisferio Sul.
A ocupaçao desenfreadada do Distrito Federal nas duas ultimas decadas dá exata demonstra;cáo disso.
Náo fosse pela trágica aliança de nossos lideres (?) com a ignorancia e com a ganancia nos estariamos tranquilos, mas a realidade é bem outra.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA ANTE-SALA DA SUZANO PAPEL E CELULOSE
O projeto de reflorestamento com eucalipto da Suzano para o Maranhão e para o Piaui não é bem um projeto só da Suzano e não é bem um projeto tão novo assim. O esforço hercúleo que a empresa fará ao cobrir 600 mil hectares de Cerrado com plantios de eucalipto, sendo 160 mil no Piaui e 400 mil hectares no Maranhão, obriga que, uma vez ou outra, os altos escalões da Suzano venham aos dois estados para amostrar os projetos em reuniões com governantes e técnicos do governo.
Deve cansar a beleza dos executivos saírem dos ares-condicionados em São Paulo para queimar um pouco de suas calorias sob o auspicioso verão amazônico e sob o auspicioso verão do Cerrado do Maranhão e do Piaui. Pelo menos, durante o dia e a noite, eles penam com o aumento de temperatura, cuja pequena variação afeta e muito a produtividade da agricultura familiar e dificulta a vida das comunidades que percorrem quilômetros para encontrarem um açude.
Em seu breve momento como palestrante no painel de empresários, organizado pelo governo do Maranhão, o representante da Suzano se desculpava perante a platéia, quase toda formada por funcionários públicos, pelo seu caráter de novato ou de que seu noviciado no Maranhão estava apenas começando. Havia certo tom de humildade na postura e nas considerações do representante da Suzano a respeito do projeto para o Maranhão. Talvez ajuizando que a platéia se mostrasse desconfiada. Fora cuidadoso em uma seara montada pelo governo justamente para que ele e os demais convidados (Alcoa. Vale , Ferroeste, Petrobrás e MPX) entoassem o mantra da importância do Maranhão para as economias nacional e internacional e reverenciassem a administração estadual como parceira na vinda dos grandes projetos para cá.
A humildade serve como uma veste protetora naqueles que não querem chamar atenção nem para si e nem para aquilo que fala. Os elogios do representante da Suzano direcionados a índole dos maranhenses que se mostram atenciosos para com seus funcionários na região Tocantina correspondem a toda uma prática secular das elites maranhenses de conquistar o maranhense, não pelo bolso, e sim pelo sentimento. Nesse sentido, o senhor Eike Batista piorou um pouco a rodada de apresentações porque se comportou como um arrivista que solucionará os problemas de geração de emprego e de geração de gás do estado do Maranhão.
O pessoal da Suzano não é novato no Maranhão e nem no Piaui. No Baixo Parnaíba maranhense, a Suzano providenciou pesquisas genéticas em variedades de eucalipto, no município de Urbano Santos. E isso desde a década de oitenta. No caso do Piaui, a primeira leva de consultores da STCP articula projeto de reflorestamento com eucalipto desde 2004. Seria bom que a Suzano Papel e Celulose se pronunciasse a respeito dos prováveis impactos no clima, no lençol freático e na biodiversidade com o aumento de temperatura que as mudanças climáticas vão ocasionar no Cerrado e na Caatinga e com o desmatamento dos quase 600 mil hectares para plantio de eucalipto nos estados do Maranhão e Piaui.
Mayron Régis, jornalista Fórum Carajás
Esse texto faz parte do programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba, apoiado pela ICCO e realizado de forma conjunta com a SMDH, CCN e Fórum em Defesa do Baixo Parnaíba


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

NEW WORLD ORDER-DOLLAR IN THE EDGE






October 6, 2009
The demise of the dollar
By Robert Fisk



In a graphic illustration of the new world order, Arab states have launched secret moves with China, Russia and France to stop using the US currency for oil trading
In the most profound financial change in recent Middle East history, Gulf Arabs are planning - along with China, Russia, Japan and France - to end dollar dealings for oil, moving instead to a basket of currencies including the Japanese yen and Chinese yuan, the euro, gold and a new, unified currency planned for nations in the Gulf Co-operation Council, including Saudi Arabia, Abu Dhabi, Kuwait and Qatar.

Rex
Iran announced late last month that its foreign currency reserves would henceforth be held in euros rather than dollars.
Secret meetings have already been held by finance ministers and central bank governors in Russia, China, Japan and Brazil to work on the scheme, which will mean that oil will no longer be priced in dollars.
The plans, confirmed to The Independent by both Gulf Arab and Chinese banking sources in Hong Kong, may help to explain the sudden rise in gold prices, but it also augurs an extraordinary transition from dollar markets within nine years.
The Americans, who are aware the meetings have taken place - although they have not discovered the details - are sure to fight this international cabal which will include hitherto loyal allies Japan and the Gulf Arabs. Against the background to these currency meetings, Sun Bigan, China's former special envoy to the Middle East, has warned there is a risk of deepening divisions between China and the US over influence and oil in the Middle East. "Bilateral quarrels and clashes are unavoidable, " he told the Asia and Africa Review. "We cannot lower vigilance against hostility in the Middle East over energy interests and security."
This sounds like a dangerous prediction of a future economic war between the US and China over Middle East oil - yet again turning the region's conflicts into a battle for great power supremacy. China uses more oil incrementally than the US because its growth is less energy efficient. The transitional currency in the move away from dollars, according to Chinese banking sources, may well be gold. An indication of the huge amounts involved can be gained from the wealth of Abu Dhabi, Saudi Arabia, Kuwait and Qatar who together hold an estimated $2.1 trillion in dollar reserves.
The decline of American economic power linked to the current global recession was implicitly acknowledged by the World Bank president Robert Zoellick. "One of the legacies of this crisis may be a recognition of changed economic power relations," he said in Istanbul ahead of meetings this week of the IMF and World Bank. But it is China's extraordinary new financial power - along with past anger among oil-producing and oil-consuming nations at America's power to interfere in the international financial system - which has prompted the latest discussions involving the Gulf states.
Brazil has shown interest in collaborating in non-dollar oil payments, along with India. Indeed, China appears to be the most enthusiastic of all the financial powers involved, not least because of its enormous trade with the Middle East.
China imports 60 per cent of its oil, much of it from the Middle East and Russia. The Chinese have oil production concessions in Iraq - blocked by the US until this year - and since 2008 have held an $8bn agreement with Iran to develop refining capacity and gas resources. China has oil deals in Sudan (where it has substituted for US interests) and has been negotiating for oil concessions with Libya, where all such contracts are joint ventures.
Furthermore, Chinese exports to the region now account for no fewer than 10 per cent of the imports of every country in the Middle East, including a huge range of products from cars to weapon systems, food, clothes, even dolls. In a clear sign of China's growing financial muscle, the president of the European Central Bank, Jean-Claude Trichet, yesterday pleaded with Beijing to let the yuan appreciate against a sliding dollar and, by extension, loosen China's reliance on US monetary policy, to help rebalance the world economy and ease upward pressure on the euro.
Ever since the Bretton Woods agreements - the accords after the Second World War which bequeathed the architecture for the modern international financial system - America's trading partners have been left to cope with the impact of Washington's control and, in more recent years, the hegemony of the dollar as the dominant global reserve currency.
The Chinese believe, for example, that the Americans persuaded Britain to stay out of the euro in order to prevent an earlier move away from the dollar. But Chinese banking sources say their discussions have gone too far to be blocked now. "The Russians will eventually bring in the rouble to the basket of currencies," a prominent Hong Kong broker told The Independent. "The Brits are stuck in the middle and will come into the euro. They have no choice because they won't be able to use the US dollar."
Chinese financial sources believe President Barack Obama is too busy fixing the US economy to concentrate on the extraordinary implications of the transition from the dollar in nine years' time. The current deadline for the currency transition is 2018.
The US discussed the trend briefly at the G20 summit in Pittsburgh; the Chinese Central Bank governor and other officials have been worrying aloud about the dollar for years. Their problem is that much of their national wealth is tied up in dollar assets.
"These plans will change the face of international financial transactions, " one Chinese banker said. "America and Britain must be very worried. You will know how worried by the thunder of denials this news will generate."
Iran announced late last month that its foreign currency reserves would henceforth be held in euros rather than dollars. Bankers remember, of course, what happened to the last Middle East oil producer to sell its oil in euros rather than dollars. A few months after Saddam Hussein trumpeted his decision, the Americans and British invaded Iraq.

SINAIS DA NOVA ORDEM MUNDIAL-DOLAR POR UM FIO





A deposição do dólar tem data marcada


6/10/2009, Robert Fisk, The Independenthttp://www.independent.co.uk/news/business/news/the-demise-of-the-dollar-1798175.html

No movimento de mais profunda mudança financeira da história recente do Oriente Médio, os árabes do Golfo planejam – com China, Rússia, Japão e França – deixar de negociar com dólar nas transações do petróleo, trocando-o por uma cesta de moedas que incluirá o iene japonês e o iuan chinês, o euro, ouro e uma nova moeda unificada planejada para as nações no Conselho de Cooperação do Golfo [ing. Gulf Co-operation Council], incluindo Arábia Saudita, Abu Dhabi, Kuwait e Qatar.

Já houve reuniões secretas entre ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais na Rússia, China, Japão e Brasil para elaborar o esquema – o que implica dizer que o petróleo deixará de ser cotado em dólares.

Os planos, confirmados ao The Independent por fontes bancárias do Golfo árabe e chinesas em Hong Kong, podem ajudar a explicar o repentino salto nos preços do ouro, mas também anuncia uma extraordinária transição dos mercados de dólar ao longo dos próximos nove anos.

Os norte-americanos, que sabem que as reuniões aconteceram – embora ainda não tenham descoberto os detalhes –, com certeza combaterão contra essa cabala internacional que incluirá Japão e os árabes do Golfo, seu aliados sempre leais. Considerado o pano de fundo das reuniões em curso, Sun Bigan , ex-enviado especial da China ao Oriente Médio, alertou para o risco de que se aprofundem as divisões entre China e EUA, na disputa por petróleo e por influência no Oriente Médio. “São inevitáveis as querelas e os confrontos bilaterais”, disse ele à Asia and Africa Review. “Não podemos baixar a guarda contra hostilidades no Oriente Médio em disputas por interesses energéticos e segurança.”

A frase soa como perigosa predição de futura guerra econômica entre EUA e China na disputa pelo petróleo do Oriente Médio – o que mais uma vez converteria os conflitos na Região em batalha pela supremacia entre as grandes potências. A China usa cada vez mais petróleo que os EUA, porque o crescimento chinês é menos eficiente no consumo de energia. A moeda transicional, desse trânsito para longe dos dólares, segundo fontes bancárias chinesas, bem poderá ser o ouro. Pode-se ter uma primeira indicação das quantias envolvidas, se se considera que Abu Dhabi, Arábia Saudita, Kuwait e Qatar têm reservas em dólares estimadas hoje em $2,1 trilhões.

O declínio do poder da economia norte-americana associado à atual recessão global já foi implicitamente reconhecido pelo presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick. “Um dos legados dessa crise pode ser o reconhecimento de que as relações de poder econômico mudaram”, disse ele em Istambul, essa semana, antes das reuniões do FMI e do Banco Mundial. Mas foram a China e seu extraordinário novo poder financeiro – além da velha ira de nações produtoras de petróleo e consumidoras de petróleo contra o poder dos EUA para interferir no sistema financeiro internacional – que desencadearam as últimas discussões envolvendo os Estados do Golfo.

O Brasil manifestou interesse em contribuir para pagamentos por petróleo, em outra moeda que não o dólar; e também a Índia. De fato, a China parece ser a mais entusiasmada dentre as várias potências financeiras envolvida, pelo menos por causa de se gigantesco comércio com o Oriente Médio.

A China importa 60% do petróleo que consome, boa parte do Oriente Médio e da Rússia. Os chineses têm concessões para produção de petróleo no Iraque – bloqueadas pelos EUA até esse ano. E desde 2008 mantém um acordo de US$ 8 bi com o Irã para desenvolver capacidade de refino e recursos de gás. A China tem negócios de petróleo com o Sudão (onde substituiu interesses norte-americanos) e negociou concessões de petróleo com a Líbia, onde esses contratos são joint-ventures.

Além do mais, as exportações chinesas para a região correspondem hoje a nada menos que 10% das importações nacionais dos países do Oriente Médio, com pauta diversificada de produtos (de automóveis a sistemas balísticos, alimento, vestuário, até bonecas. Em claro sinal do fortalecimento muscular das finanças chinesas, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, pediu ontem a Pequim que deixe subir a cotação do Yuan frente a um dólar em queda livre e, por extensão, para que reduza a dependência da China da política monetária dos EUA – para ajudar a reequilibrar a economia mundial e diminuir a pressão altista sobre o euro.

Desde os acordos de Bretton Woods – os acordos, depois da II Guerra Mundial, que lançaram as vigas da arquitetura do moderno sistema financeiro internacional –, os parceiros comerciais dos EUA foram forçados a lidar com o impacto do controle por Washington e, mais recentemente, também com a hegemonia do dólar como moeda de reserva global.

Os chineses creem, por exemplo, que os EUA persuadiram os britânicos para que se mantivessem fora do euro, com vistas a evitar que surgisse algum movimento precoce de fuga para longe do dólar. Mas fontes bancárias chinesas dizem que suas novas discussões já avançaram demais para que possam ser bloqueadas. “Os russos eventualmente trarão o rublo para a cesta de moedas” – disse a The Independent um importante corretor de Hong Kong. “Os britânicos estão presos no meio disso tudo, e entrarão no euro. Não têm escolha, porque não poderão usar o dólar norte-americano.”

Fontes financeiras chinesas acreditam que o presidente Barack Obama está ocupado demais consertando a economia dos EUA, para poder pensar nas extraordinárias implicações de uma transição para fora do dólar num período de nove anos. O prazo final para a troca de moedas é 2018.

Os EUA discutiram superficialmente essa tendência no encontro do G20 em Pittsburgh; o presidente do Banco Central Chinês e outros funcionários já há anos preocupam-se com o dólar e não escondem suas preocupações. O problema deles é que grande parte da riqueza nacional chinesa está amarrada ao dólar.

“Esses planos alterarão a face das transações financeiras internacionais” , disse um banqueiro chinês. “EUA e Grã-Bretanha devem começar a preocupar-se muito. Vocês logo verão a extensão das suas preocupações, pela tempestade de vozes que acorrerão para desmentir essas notícias.”

O Irã anunciou mês passado que suas reservas de moedas estrangeiras serão doravante feitas em euros, não mais em dólares. Os bancos não esquecem, é claro, o que aconteceu ao último produtor de petróleo do Oriente Médio que vendia seu petróleo em euros, não em dólares. Apenas alguns meses depois de Saddam Hussein trombetear sua decisão, EUA e Grã-Bretanha invadiram o Iraque.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O LADO NEGRO DE DUBAI


Ja´temos um monumento ao seculo XXI ,pelo menos nessa primeira metade.



"Rachaduras no Paraíso" - Revista Piauí.
Texto do inglês Johann Hari.revista Piauí, julho de 2009.---------------------------------------------------------A imagem sorridente do xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, o soberano de Dubai, aparece a cada dois arranha-céus do emirado. Ele vendeu Dubai ao mundo como a cidade das Mil e Uma Luzes, uma Shangri-lá do Oriente Médio protegida das tempestades de areia que assolam a região. Sua imagem domina a silhueta que imita a de Manhattan, radiante entre as pirâmides de vidro e os hotéis construídos em forma de moedas de ouro empilhadas. Lá está ele, no prédio mais alto do mundo - uma agulha fina, invadindo o céu como nenhuma outra construção humana na história.É abril de 2009 e alguma coisa está mudando no sorriso do xeque Mohammed. Entre os guindastes espalhados por toda parte, muitos estão paralisados, como que perdidos no tempo, e há inúmeros canteiros de obras inacabados, num abandono completo. Nas construções mais arrojadas - como o hotel Atlantis, o pantagruélico castelo cor-de-rosa erguido numa ilha artificial em mil dias, ao custo de 1,5 bilhão de dólares - o teto está caindo aos pedaços. Nessa Terra do Nunca edificada num extremo do mundo, as rachaduras começam a aparecer. Dubai é uma metáfora viva do mundo globalizado neoliberal que pode estar desmoronando.A canadense Karen Andrews não consegue falar. Toda vez que começa a contar sua história, abaixa a cabeça. Ela é magra e forte, com o esplendor embotado de quem já foi rico. Suas roupas estão amarrotadas como a testa, enrugada. Encontro-a no estacionamento de um dos hotéis mais chiques de Dubai, dentro de um Range Rover. Karen dorme naquele carro e naquela garagem há meses, graças à caridade dos funcionários bengaleses do estacionamento, que não tiveram coragem de expulsá-la. Ela chegou a Dubai quatro anos atrás. O marido tinha conseguido um bom emprego numa multinacional. "Quando ele mencionou Dubai, logo rebati: 'Não vou me vestir de preto nem parar de beber.' Mas ele me pediu uma chance", conta Karen. As apreensões da canadense desapareceram assim que o casal aterrissou no emirado, em 2005. "Parecia uma Disneylândia para adultos, com o xeque Mohammed no papel de Mickey", relembra. "A vida era fantástica. Tínhamos um apartamento enorme, maravilhoso, um monte de serviçais, tudo livre de impostos. A vida era uma festa." Não tardou muito e Daniel, o marido de Karen, comprou dois imóveis. Mas, pela primeira vez na vida, ele se embaralhou nas finanças. O casal acabou se endividando e Karen começou a estranhar as confusões financeiras do marido. Passado um ano, descobriu que Daniel tinha um tumor maligno no cérebro. As dívidas cresceram. "Até então, eu não sabia nada a respeito das leis de Dubai. Com todas essas grandes corporações se instalando no emirado, imaginei que o sistema local deveria ser parecido com o do Canadá, ou o de qualquer outra democracia liberal." Ninguém lhe havia contado que em Dubai não existe o conceito de falência. Quem se endividar e não tiver como pagar vai para a cadeia."Quando soubemos disso, sentei com Daniel e constatamos que precisávamos ir embora daqui", prossegue Karen. O marido sabia que, se pedisse demissão, poderia contar com uma indenização cujo valor bastaria para pagar as dívidas. Mas ele acabou recebendo menos do que o previsto e a dívida não foi saldada. Em Dubai, quando um funcionário larga o emprego, o empregador tem o dever de comunicar o fato ao seu banco. Caso o funcionário tenha alguma dívida em aberto, não coberta pelo seu saldo bancário, todas as suas contas são automaticamente bloqueadas e ele fica proibido de sair do país. "De repente, nossos cartões de crédito pararam de funcionar. Fomos despejados do nosso apartamento e não tínhamos mais nada." Daniel foi preso no dia do despejo, Karen ficou seis dias sem conseguir falar com o marido, que acabou sendo condenado a seis meses de prisão diante de uma corte que só falava árabe, sem tradução. "Agora estou aqui, sem nada, aguardando que ele saia da prisão", explica a mulher do Range Rover. Com o olhar perdido de constrangimento, ela me pergunta se posso lhe pagar o almoço. O caso de Karen não é único. Por toda a cidade existem imigrados dormindo clandestinamente nas dunas de areia, no aeroporto ou no próprio carro. "É preciso entender que em Dubai nada é o que aparenta ser", resume a canadense. "Você é atraído pela idéia de um lugar moderno, mas por trás dessa fachada o que temos é uma ditadura medieval."Trinta anos atrás, quase toda a área onde se ergue hoje o emirado de Dubai era deserta, habitada somente por cactos, plantas e escorpiões. Tudo começou em meados do século xviii, com a fundação de uma pequena vila ao sul do Golfo Pérsico que atraiu mergulhadores em busca de pérolas. Em pouco tempo, a população foi se tornando mais cosmopolita, com viajantes vindos da Pérsia, do subcontinente indiano e de outros países árabes. Todos na esperança de enriquecer. Batizaram a vila com o nome de um gafanhoto predador que reinava na região, daba. Mas não tardou para a cidade ser dominada pelas Forças Armadas do Império Britânico, e assim permaneceu até 1971. Quando os ingleses bateram em retirada, Dubai se juntou a seis pequenos estados vizinhos e formaram uma federação, os Emirados Árabes Unidos. A retirada britânica coincidiu com a descoberta de generosos lençóis de petróleo na região, e os xeques agora soberanos passaram a viver um dilema singular. Eles eram, em grande parte, nômades analfabetos que haviam passado a vida perambulando pelo deserto em cima de camelos. Agora tinham um pote de ouro nas mãos. O que fazer?Comparado ao vizinho emirado de Abu Dhabi, Dubai tinha pouco petróleo. Por isso, o xeque Mohammed Al Maktoum decidiu investir na construção de algo que durasse. Israel não se gabava de ter feito o deserto florescer? Al Maktoum decidiu fazer o deserto enriquecer. Planejou construir uma cidade que se tornasse o centro do turismo e de serviços financeiros, atraindo dinheiro e profissionais do mundo inteiro. Convidou o mundo a seu paraíso fiscal - e o mundo veio, esmagando os habitantes locais, que agora representam só 5% da população total de Dubai. Em apenas três décadas uma cidade inteira surgiu do nada. Um salto do século xviii para o século xxi em apenas uma geração.Existem três Dubais diferentes, cada um girando em torno dos outros dois. Há os expatriados ocidentais, como Karen, os árabes nativos ou dubaienses, liderados pelo xeque Mohammed, e a mão de obra estrangeira, que construiu a cidade e ali ficou presa. Essa última permanece invisível, apesar de estar por toda parte, enfiada em uniformes azuis e seguindo um regime de trabalho forçado.Todas as noites, os milhares de peões estrangeiros que constroem Dubai são levados dos canteiros de obras para uma imensidão de concreto, em pleno deserto, distante uma hora da cidade. Ali permanecem isolados. Até poucos anos atrás, eles eram transportados em caminhões de gado, mas diante do desagrado dos expatriados agora são levados em ônibus fechados, que funcionam como estufas no calor do deserto. Todos suam como esponjas sendo espremidas.Sonapur é uma cidade-dormitório de quilômetros e quilômetros de prédios de concreto, todos idênticos. Em hindi o nome significa "cidade do ouro". São cerca de 300 mil homens que moram amontoados. No primeiro acampamento que visitei, logo fui cercado por moradores, ávidos para desabafar com quem se dispusesse a ouvi-los. O lugar fede a esgoto e suor. Sahinal Monir é um jovem magro, de 24 anos, vindo de Bangladesh. Quatro anos atrás, um agenciador de mão de obra apareceu em seu vilarejo, anunciando que havia um lugar, Dubai, em que se poderia ganhar 40 mil takas (o equivalente a 640 dólares) por mês, trabalhando das 9 às 17 horas no ramo da construção. Com direito a acomodação decente, boa comida e outros cuidados. Bastava pagar adiantado o equivalente a 3 700 dólares pelo visto de trabalho - a despesa seria facilmente recuperada com os seis primeiros meses de serviço. Sahinal vendeu o pedaço de terra da família, contraiu um empréstimo junto a um comerciante local e seguiu rumo ao paraíso.Assim que desembarcou no aeroporto de Dubai, teve o passaporte confiscado pela empresa construtora. Nunca mais viu o documento. Comunicaram-lhe secamente que trabalharia catorze horas por dia no calor do deserto (os turistas ocidentais recebem a recomendação de não ficarem nem cinco minutos expostos ao sol, a temperaturas que podem chegar a 55 ºC) - por menos de um quarto do salário prometido. Se não estivesse satisfeito, acrescentou o contratante, poderia voltar para casa. "Mas e o meu passaporte? Nem tenho dinheiro para a passagem de volta", contestou Sahinal. "Então é melhor trabalhar", foi a resposta.Sahinal ficou em pânico. Sua família - filho, filha, mulher e pais - esperava pela remessa de dinheiro. Só que ele teria de trabalhar dois anos para pagar o custo da viagem - e ganhar menos do que em Bangladesh.Seu dormitório é pequeno. Beliches de três andares são compartilhados com outros onze homens. Todos os seus pertences estão empilhados no beliche: três camisas, uma calça extra e um celular. O quarto cheira mal porque os lavatórios do acampamento - arcaicos buracos no chão - estão entupidos com excrementos e cobertos por nuvens de mosquitos. Não há ar condicionado nem ventilador. "A gente passa a noite suando e se coçando", disse. No alto verão, dorme-se no chão, no telhado, em qualquer lugar onde se possa pegar uma pequena brisa. E o trabalho? "É o pior do mundo", diz Sahinal. "Temos que carregar tijolos e blocos de cimento de 50 quilos num calor infernal. Você sua tanto que fica sem urinar por dias ou semanas. É como se todo o líquido saísse pela pele. Ficamos tontos e doentes, mas só podemos parar por uma hora, à tarde. Se faltarmos ao trabalho por motivo de doença, somos descontados, e ficaremos presos aqui por mais tempo."Sahinal trabalha no 67º andar de uma reluzente torre em construção, ainda sem nome. Nos quatro anos de sua estadia, jamais chegou a ver a Dubai sedutora dos folhetos, apenas os andares que constrói. Pergunto se sente raiva. Ele fica calado por um bom tempo. "Aqui ninguém manifesta sua raiva", disse. "Se você a mostra, te mandam para a prisão e te deportam."Indago se o grupo se arrepende de ter vindo. Todos olham para baixo. Depois de um tempo, alguém rompe o silêncio: "Sinto saudade do meu país, da minha família, da minha terra. Em Bangladesh, a terra dá frutos. Aqui, não dá para plantar nada. Só tem petróleo e obras."Com a atual recessão, dezenas de acampamentos ficaram sem energia elétrica, e há quem não receba salário há meses. Muitas empresas saíram de Dubai sem sequer devolver os passaportes aos contratados. Se Sahinal sumir em Dubai, talvez ninguém note. Um cidadão inglês que trabalhou no setor de construção me disse: "Ocorrem inúmeros suicídios nos acampamentos e nas obras, mas ninguém quer tocar no assunto. Dizem que foi 'acidente'."Um estudo da ong Human Rights Watch revelou que existe um ocultamento da real extensão das mortes causadas pela exposição ao calor, excesso de trabalho e os suicídios. O consulado da Índia registrou 971 mortes de patrícios somente em 2005, mas depois da divulgação desse número a contagem parou de ser feita.Na distância, a cintilante silhueta de Dubai, que Sahinal ajuda a construir, se ergue indiferente. Os reluzentes centros comerciais de mármore se espalham por toda a cidade. O calor é tão grande que não se vê ninguém nas calçadas. No interior dessas catedrais, o tempo parece não passar. O dia tem sempre a mesma luminosidade artificial, o mesmo piso brilhante, as mesmas grifes de luxo globais. Neles, Dubai se reduz à sua essência: compras e mais compras. Nos shoppings mais caros, onde circulo quase sozinho, me dizem que os negócios vão bem, obrigado. Extraoficialmente, os vendedores parecem assustados. Passo por uma exposição de chapéus que promove o Grande Prêmio de Turfe de 2009, com peças que custam 1 600 dólares. Entre um e outro shopping, não há nada além de asfalto. Todas as ruas têm no mínimo quatro pistas. Andar a pé é coisa de suicida.Como se sente o cidadão local diante da ocupação de seu país por estrangeiros? Ao contrário do grupo de expatriados com dinheiro e da classe de trabalhadores escravos, não é prudente sair perguntando essas coisas para dubaienses. Quando abordados, as mulheres se calam e os homens se ofendem, respondendo secamente que está tudo bem. Resolvi, então, navegar por blogs na internet e fiz contato com vários jovens dos Emirados Árabes que me pareceram retratar o pensamento local. Marcamos encontro num shopping center, é claro.Ahmed Al Atar é um rapaz charmoso de 23 anos, barba aparada, túnica branca feita sob medida e óculos finos retangulares. Fala um inglês impecável e conhece Londres, Los Angeles e Paris melhor do que muitos ocidentais. Reclinado numa cadeira de um café Starbucks, Ahmed proclama: "Esse é o melhor lugar do mundo para um jovem! O governo paga seus estudos até o doutorado. Você ganha um apartamento quando se casa e seu plano de saúde é gratuito. Você não paga sequer a sua conta de telefone. Quase todo mundo aqui tem empregada, babá e motorista. E não pagamos impostos. Você mesmo não gostaria de ter nascido aqui?"Ele se inclina para frente e prossegue: "Entenda: meu avô acordava cedo todo dia e disputava o primeiro lugar na fila do poço. Quando o poço secava, a água era distribuída por camelos. Todos viviam com fome, tinham sede e buscavam trabalho. Meu avô mancou a vida inteira porque não havia tratamento médico quando ele quebrou a perna. Agora, olhe só para nós!" A maioria dos cidadãos locais, como Ahmed, é funcionário público. Por isso, são poupados da recessão. "Os empregos aqui são seguros", disse ele. "Você só é demitido se fizer alguma besteira muito grande." Ahmed admite que a grande quantidade de expatriados possa, às vezes, "estragar" a paisagem, "mas consideramos a sua vinda como o preço a pagar pelo desenvolvimento. Não teríamos conseguido de outra forma. Ninguém quer voltar aos tempos de deserto. Éramos como um país africano e agora temos uma renda per capita de 120 mil dólares por ano. Do que reclamar?".O jovem também não vê problemas na falta de liberdade política. "É muito difícil encontrar um cidadão daqui que não apóie o xeque Mohammed. Ele é um excelente líder. Garanto que minha vida é muito parecida com a sua", conclui sorrindo, ao pedir outro caffè latte.No estiloso Emirates Tower Hotel, encontro Sultan Al Qassemi, de 31 anos, colunista da imprensa e colecionador de arte com fama de liberal e contestatório. Sultan se veste com roupas ocidentais - jeans e camiseta Ralph Lauren - e fala absurdamente rápido, arrolando argumentos."As pessoas daqui estão virando bebês obesos e preguiçosos", critica. "Essa história de babá foi longe demais. Ninguém faz mais nada sozinho. Por que ninguém trabalha no setor privado? Por que os pais não podem tomar conta dos próprios filhos?"Mas quando tento falar da mão de obra escrava que construiu Dubai, ele se irrita. "O resto do mundo deveria nos dar mais crédito", sustenta Sultan, "pois somos os seres mais tolerantes do planeta. Dubai é a única cidade realmente internacional no mundo. Qualquer um que vem aqui é tratado com respeito."Os desolados acampamentos de Sonapur ficam a apenas alguns quilômetros dali. Sultan não gosta do tema. "E os mexicanos não são maltratados em Nova York? Quanto tempo demorou para os ingleses tratarem bem as pessoas? Eu também poderia ir a Londres, escrever sobre os desabrigados de Oxford Street e manchar a imagem da sua cidade! Os trabalhadores aqui podem ir embora quando quiserem, sejam indianos ou asiáticos!"Não é bem assim, contesto. O passaporte deles é confiscado e o salário, retido. "É lamentável que isso ocorra, e os responsáveis deveriam ser punidos. Mas os trabalhadores sempre podem recorrer a suas embaixadas." Pergunto por que Dubai proíbe os trabalhadores de fazer greve contra os maus empregadores. "Graças a Deus que proibimos!", responde, exaltado. "Somos contra greves. Não queremos ser como a França. Imagine um país em que os trabalhadores podem parar quando quiserem!" Ao arrematar a discussão Sultan abranda o tom, sorri e diz: "Lendo as críticas dos jornalistas ocidentais, me pergunto se vocês não percebem que estão dando um tiro no próprio pé. O Oriente Médio será muito mais perigoso se Dubai não der certo. Não exportamos petróleo, exportamos esperança. Os pobres do Egito, da Líbia ou do Irã crescem dizendo que querem ir para Dubai. Estamos mostrando como ser um país muçulmano moderno. Não temos fundamentalistas entre nós. Os europeus não deveriam se alegrar com as nossas derrotas. Sabe o que vai acontecer se esse modelo fracassar? Dubai vai virar um Irã, um país islâmico."Procuro outra vertente das minorias - o pequeno grupo de dissidentes que tenta minar as leis abusivas dos xeques - e marco encontro com o inimigo público número um do regime. Mohammed Al Mansoori, de túnica branca e rosto forte, dá o tom a seu discurso: "Aqui não há liberdade. A família real acha que é dona do país e que todos somos seus servos." Mohammed nasceu em Dubai e aprendeu com o pai pescador a nunca seguir o rebanho, a ter opiniões próprias. No início do desenvolvimento acelerado da cidade, trabalhava como advogado. Foi diretor da Associação de Juristas, uma organização criada para pressionar o Estado a aprovar leis condizentes com a legislação internacional de direitos humanos. Até que um dia ultrapassou os limites de tolerância do xeque. Inconformado com o que chama de "sistema de escravidão", deu entrevistas para a Human Rights Watch e a bbc.Não tardou a receber ameaças da polícia: se não se calasse, perderia o emprego e seus filhos ficariam proibidos de trabalhar. Mohammed acabou perdendo sua licença de advogado e confiscaram-lhe o passaporte. "Entrei para a lista negra do regime, assim como meus filhos", disse. "Os jornais estão proibidos de me citar." Na década de 1930, na última vez em que Dubai passou por uma depressão econômica, houve um simulacro de democracia no emirado. Os comerciantes se uniram contra o xeque Said bin Maktum Al Maktum, soberano da época, e exigiram que lhes fosse dado o controle das finanças do Estado. A experiência durou alguns anos, mas o xeque varreu-os do mapa com o apoio dos ingleses. Hoje, o emirado transformou-se numa "creditópolis" sustentada por contas que não fecham, com 107% de seu pib comprometidos com dívidas a pagar. Não fosse o socorro que recebe do vizinho Abu Dhabi, cujo solo esbanja petróleo, Dubai já teria falido. "Agora é Abu Dhabi que dita o ritmo - e eles são muito mais conservadores e fechados do que nós", explica Mohammed. "Nossa liberdade de expressão tende a ficar ainda mais restrita", acredita ele. De fato, já existe uma lei de imprensa que proíbe os veículos de comunicação de divulgar qualquer notícia que possa "prejudicar a imagem ou a economia" de Dubai. O fundamentalismo islâmico é visto como outra ameaça. Todo imã, ou líder religioso, passou a ser nomeado pelo governo e seus sermões são monitorados para garantir o tom moderado. O próprio Mohammed se mostra preocupado: "Ainda não temos um fundamentalismo islâmico ativo, mas se não tivermos meios de nos expressar, ele poderá emergir. Uma população silenciada vai calando, calando, até o dia em que explode."Existe um grupo para o qual a retórica de liberdade e liberação repentina parece verdadeira - justamente o grupo que o governo mais reluta em liberar: os gays. Num famoso hotel internacional, entro numa boate gay, possivelmente a única da península arábica. Lá dentro, uma coleção de braços fortes e camisas sem manga se movimenta ao som de Kylie Minogue, com muito ecstasy e badalação. Igualzinho ao Soho. "Dubai é o melhor lugar do mundo muçulmano para os gays", diz um jovem árabe de 25 anos, cabelos espetados, abraçado ao parceiro. "Estamos vivos. Podemos nos reunir. A maioria dos gays árabes não pode fazer isso."Ser gay é considerado crime em Dubai, com pena de dez anos de reclusão, mas os endereços dos espaços clandestinos circulam livremente na internet, e a frequência é alta. "Eles podem fechar a boate, mas não vai adiantar, vão apenas nos dispersar", diz um frequentador. Saleh, um soldado raso do Exército da Arábia Saudita, veio a Dubai para assistir a um show do Coldplay. "Na Arábia Saudita é difícil ser adolescente heterossexual", explica. "Devido ao confinamento das garotas a gente acaba tendo relações homossexuais. No fundo, todos os gays árabes querem morar em Dubai."Os guias turísticos costumam se referir ao emirado como multirracial e multicultural. Percebo, contudo, que cada grupo tende a permanecer em seu próprio enclave étnico, tornando-se uma caricatura de si mesmo. Basta adentrar o Double Decker, um bar para expatriados ingleses. Na entrada, a inevitável cabine de telefone vermelha e placas de trânsito londrinas. O interior de madeira sugere um clube colonial dos tempos do Império Britânico, mesclado a discoteca dos anos 80 com luzes estroboscópicas e música estridente.Caminho em direção a duas senhoras de aproximadamente 60 anos que bebericam. "Fica-se em Dubai pelo estilo de vida", explica uma delas, convidando-me para me juntar à mesa e à bebida. Todos os expatriados ocidentais falam em estilo de vida, mas quando perguntamos o que é isso, a resposta é vaga. Ann Wark, uma das inglesas, tenta precisar: "Aqui, saímos toda noite, o que jamais faríamos no nosso país. Encontramos pessoas diferentes o tempo todo. Tempo livre é o que não falta porque temos empregadas e serviçais para todo tipo de trabalho. Vivemos de festa em festa."As duas moram em Dubai há vinte anos e explicam como a cidade funciona. "Existe uma hierarquia", diz Ann. "No topo estão os árabes dos emirados, seguidos pelos ingleses e outros ocidentais. Mais abaixo imagino que venham os filipinos, por serem mais espertos que os indianos. Por último estão os indianos e todo o resto."Ambas admitem que jamais conversaram com quem está no topo da pirâmide. Nunca? "Não. Os árabes dos emirados são muito reservados."Mais tarde, num bar de hotel, conversei com uma americana que trabalha na indústria de cosméticos e mantém distância dos expatriados típicos. "Quem não conseguiu ter sucesso em seu país vem para Dubai. Nunca vi tanta gente incompetente, ocupando cargos tão altos, em nenhum outro lugar do mundo", diz ela. "Tornam o lugar racista. A filipina que trabalhava para mim ganhava um quarto do salário de uma funcionária européia que exercia a mesma função. Quem trabalha de fato não ganha quase nada, enquanto esses gerentes de meia tigela ganham 63 600 dólares por mês."Com exceção dessa americana, os expatriados ocidentais com quem conversei têm um ponto em comum: a felicidade de ter à disposição uma mordomia inimaginável em seus países. Em Dubai, ao contratar uma empregada, você passa a exercer um poder quase absoluto sobre ela. Isso inclui reter seu passaporte, pagá-la quando quiser, decidir se ela terá direito a férias, e quando. Como a maioria dos empregados não fala árabe, as chances de escaparem dessa camisa de força são escassas. Existe um único albergue feminino, e ele está repleto de domésticas que tentaram a fuga. Mela Matari, uma etíope de 25 anos e sorriso inseguro, me conta sua história - tão semelhante à de milhares de outras. Mela ouvira falar de Dubai por um agenciador, largou a filha de 4 anos e veio fazer seu pé-de-meia. "Fui trabalhar com uma família australiana de quatro filhos. Das seis da manhã à uma da madrugada, todos os dias, sem dia de folga. Eles não me pagavam: diziam que iam acertar tudo no final de dois anos. O que eu podia fazer? Eu não conhecia ninguém aqui. Fiquei apavorada."Chegou o dia em que Mela, depois de uma sessão de maus-tratos, largou tudo, saiu correndo para a rua e perguntou, num inglês sofrível, onde era o consulado da Etiópia. Lá chegando, foi informada que precisava retornar à casa da patroa australiana para buscar o passaporte. "Não dava", conta apenas. Mela está no albergue há seis meses. Falou com a filha duas vezes. "Perdi meu país, perdi minha filha, perdi tudo", constata.O arquipélago artificial The World, ainda em construção, que forma o desenho do mapa-múndi, está vazio. Foi abandonado. De binóculo, consigo vislumbrar uma ilha autônoma, infértil na brisa salina, que seria a "Inglaterra". Foi aqui que os empreiteiros se propuseram a reconstruir o mundo. Criaram ilhas artificiais na forma das massas terrestres do planeta, com planos de vender cada "continente" como terreno para futuras edificações. Havia rumores de que o casal Beckham compraria a "Inglaterra". Mas quem trabalha próximo ao megaempreendimento conta que há meses não vê movimento na obra. "O mundo acabou", diz um sul-africano, aproveitando o trocadilho.Por toda a cidade, projetos delirantes que antes estavam "em obras" agora estão em ruínas. Entre eles, uma praia com ar-condicionado e um sistema de resfriamento da areia para os usuários não queimarem os pés no longo caminho entre a toalha e o mar.Os projetos concluídos um pouco antes da crise estão vazios e malconservados. Quem não se lembra da inauguração do hotel Atlantis, no inverno passado, cujo festão consumiu 20 milhões de dólares e atraiu celebridades como Robert De Niro? Localizado numa ilha artificial em forma de palmeira, o hotel hoje parece um imenso sorriso banguela. O saguão central é uma cúpula monumental coberta com bolas cintilantes, sustentada por oito palmeiras de concreto. Bem no meio há uma estrutura de vidro reluzente em forma de intestino. Mas chove lá dentro: a água vaza do telhado e os azulejos estão caindo.Uma sul-africana do departamento de relações públicas me mostra as suítes mais cobiçadas do hotel, explicando ser esse "o lugar mais luxuoso do mundo". Passamos por lojas que vendem anéis de diamante por 38 milhões de dólares. Uma das atrações do Atlantis são seus mega-aquários de tubarões, que nadam entre castelos e submarinos artificiais, submersos. O hotel tem mais de 1 500 suítes, todas com vista para o mar. Na suíte Netuno, de três andares, os tubarões podem observar o hóspede deitado na cama. Coisas de Dubai.Hospedado no hotel mais classudo da cidade, o Park Hyatt, sou o único cliente no restaurante. Um dos atendentes me diz ao pé do ouvido: "Antes isso aqui fervia. Agora não vem quase ninguém." Naquele lugar enorme, me sinto como Jack Nicholson no filme O Iluminado, o último homem numa casa abandonada e mal-assombrada.O hotel mais celebrado do emirado - o grande ícone de Dubai - continua sendo o Burj Al Arab, construído à beira-mar em forma de gigantesco veleiro de vidro. No saguão, converso com um casal que mora e trabalha em Londres e visita a cidade há dez anos. Eles adoram. "Tudo é uma surpresa", contam. "Na última viagem, no início das férias, nossa janela dava para o mar. Mas antes de partirmos, uma ilha inteira já havia sido erguida à nossa frente."Dubai não é apenas uma cidade vivendo além de seus recursos financeiros. O emirado também vive além de seus recursos ecológicos. Vemos gramados bem cuidados, com irrigadores espirrando água para todos os lados, turistas fazendo fila para nadar com golfinhos, pistas de esqui com neve de verdade construídas no interior de um shopping center, numa espécie de freezer do tamanho de uma montanha. Só que estamos em pleno deserto, num lugar que não tem água. Como isso é possível?A própria terra está tentando repelir Dubai, secando e apagando a cidade do mapa. O novo campo de golfe que leva o nome de Tiger Woods precisa de 15 milhões de litros de água por dia para irrigação. O lugar é regularmente açoitado por tempestades de areia que enevoam o céu e escondem a linha do horizonte. Quando a areia baixa, o calor aumenta, abrasando tudo o que não estiver sendo constantemente irrigado. O dr. Mohammed Raouf, diretor de meio ambiente do Gulf Research Centre, não parece muito otimista: "Estamos num deserto e tentamos ignorar isso. Pura insensatez. Não dá para desafiar o deserto."O xeque Maktoum construiu sua cidade-vitrine em um lugar sem água potável e sem água alguma, exceto a do mar. Ela conta com pouquíssimos reservatórios e acusa um dos índices pluviométricos mais baixos do mundo. Ou seja, Dubai bebe o mar. A água dos emirados, dessalinizada em fábricas espalhadas por todo o Golfo, é a mais cara do planeta. Segundo o dr. Raouf, caso a recessão se transforme em depressão, Dubai pode ficar desabastecida. "Por enquanto, ainda temos reservas financeiras que pagam o transporte de água para o meio do deserto", disse ele. "Mas se nossa renda diminuir - se, por exemplo, o mundo encontrar outra fonte de energia além do petróleo, enfrentaremos um grande problema. Seria uma catástrofe. Dubai tem água só para uma semana." Apenas para sobreviver, um morador de Dubai necessita de três vezes mais água do que a média mundial.O aquecimento global, acrescenta o dr. Raouf, piora ainda mais a situação. "Estamos construindo todas essas ilhas artificiais, mas se o nível do mar subir afunda tudo. Os engenheiros sempre garantem que está tudo bem, que essa possibilidade já foi prevista nos cálculos, mas não tenho tanta certeza assim."Procurei investigar como o governo lida com um problema ambiental que já existe - a poluição das praias. Uma americana que trabalha num dos grandes hotéis vinha denunciando a situação em vários fóruns na internet. Contatei-a para marcarmos um encontro. "Não posso falar com o senhor", respondeu ao telefone, secamente. "Poderíamos, talvez, conversar sem que o seu nome seja citado", ponderei. Ela desligou o telefone na minha cara.No dia seguinte, apareço no seu escritório. "Se o senhor revelar minha identidade serei mandada embora no primeiro avião", me adverte, antes de começarmos a caminhar pela orla. "As primeiras reclamações vieram de hóspedes que voltavam da praia. A água lhes parecia suja, e alguns contraíram doenças. Então escrevi para o ministro da Saúde e do Turismo, à espera de uma providência - e nada. Escrevi de novo e fui entregar as cartas pessoalmente. Nada."Os hóspedes começaram a encontrar camisinhas, absorventes íntimos e até fezes boiando no mar. O hotel contratou uma empresa especializada em analisar a qualidade da água, e foi detectada uma enorme quantidade de coliformes fecais e bactérias. "Passei a recomendar aos hóspedes que evitassem a praia, mas todo mundo ficou revoltado - afinal, eles vieram passar férias aqui para isso." A americana decidiu postar as informações nos fóruns virtuais de expatriados - e todos puderam entender o que estava acontecendo. Dubai havia crescido de forma tão desordenada que sua rede de esgoto não conseguia mais dar vazão. Os caminhões-tanque de coleta, obrigados a fazer fila durante três ou quatro dias nas estações de tratamento, cansavam-se de esperar e simplesmente abriam buracos no chão para jogar a água não tratada ali mesmo. Inexoravelmente, ela acabava indo direto para o mar. Mesmo depois que as autoridades reconheceram o problema, a qualidade não melhorou: a água ficou escura e fedorenta. "É resultado dos produtos químicos", aposta a americana.Na minha última noite no emirado, já a caminho do aeroporto, parei numa pizzaria perdida em meio às autoestradas. O estabelecimento é idêntico ao Pizza Hut perto lá de casa, em Londres. Muitos dos produtos que consumo na Inglaterra também são fabricados por pessoas em regime de semiescravidão só que a mais de 3 mil quilômetros de distância. Aqui elas estão a 3 quilômetros de proximidade, e às vezes nos esbarramos. Talvez seja por isso que Dubai me incomoda tanto. Pergunto à moça filipina do balcão se ela gosta do lugar. "Gosto", diz ela, inicialmente. "Pois eu detesto", rebato. Ela concorda e desabafa: "Demorei alguns meses para perceber que tudo aqui é falso. Tudo. As palmeiras são falsas, os contratos de trabalho são falsos, as ilhas são falsas, os sorrisos são falsos. Dubai é como uma miragem. Você acha que avistou água, mas quando chega perto vê que é só areia."
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

WE WANT THE AFRICA WITHOUT PEOPLE?


APARENTLY ONU AND THE OCCIDENTAL WORLD DONT MAKE GREAT EFFORTS TO DEVELOP AFRICA AND POPULATION.WE CAN SEE AT LAST DECADES THE POVERTRY GROWING UP IN GEOMETRICAL SCALE....AND AIDS AND TROPICAL DISEASES...A CONSPIRATION TO GENOCIDE IS RUNNING?

DEAD CANADIAN HEROES-WHY WAR?






















Young lifes...the pain...the honor....the death in a Unknown place...a fight about nothing....Canadian Soldiers back from Iraq…what a world!!!!

Jovens vidas…a dor…a honra;;;a morte em um lugar desconhecido…uma luta por nada…Soldados Canadenses de volta do Iraque….que mundo o nosso!!!

sábado, 3 de outubro de 2009

monocultura de alto impacto ambiental







A monocultura que vai terminar na pobreza

Paulo Mendes Filho -
Diretor do Semapi (Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento,
Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do RS)

http://www.portaldomeioambiente.org.br/contribuicoes-de-nao-colunistas/1915-a-monocultura-que-vai-terminar-na-pobreza


O império da energia, terra e água.

Uma cidade, Encruzilhada do Sul. Uma monocultura, eucaliptos. Uma situação
insustentável. Miséria, favelas, pobreza e desilusão que tende a piorar. Basta
conhecer, observar e conversar com as pessoas, com os agricultores e as
agricultoras familiares do município para perceber o que está em curso.

A monocultura dos eucaliptos modificou a paisagem, a economia e principalmente a
estrutura social do município. Indo lá, vendo e conversando, observamos que a
invasão dos capitalistas está desequilibrando rapidamente a paisagem da região e
a estrutura social e econômica da cidade.

Quem ainda não vendeu suas terrinhas e insiste em ficar, convive com as visitas
dos desesperados animaizinhos que fogem da invasão. São mulitas, mão-pelada,
gato-do-mato, ratões e capivaras famintos que devoram tudo que veem pela frente.
As plantações, os maciços estão cada vez mais absorvendo a paisagem e
desalojando tudo que ali existe. As matas ciliares estão cercadas e
desprotegidas pela baixíssima possibilidade de alguém conferir se está dentro ou
não da lei ambiental.

Falando em lei, a conversa é de que existem dois pesos e duas medidas. A dureza
da lei ambiental para os agricultores e a moleza para os empresários da
monocultura. Tudo remando a favor dos novos senhores da terra, da energia e da
água. Tudo a favor para que os resistentes e teimosos agricultores tradicionais
e os ecochatos abandonem suas terras e suas ideologias a favor do império.

O poder público propagandeando empregos de papel e sinalizando impostos que
serão sonegados, apóia o projeto de olho nas contribuições de campanha. A adesão
individual de alguns técnicos do poder público também é observada.

Uma invasão de poucos e grandes empresários que está sendo facilitada e apoiada
estrategicamente pelo governo Yeda e por vários governantes municipais.
Incentivando politicamente o plantio. Recebendo recursos das empresas.
Facilitando créditos. Modificando o zoneamento ambiental da silvicultura.
Desestruturando a Fepam e a Emater (Extensão Rural) e permitindo a prática do
fato. Encontra-se em curso a maior ocupação de terra do Rio Grande do Sul por
parte de um único grupo. Um verdadeiro império!

Uma verdadeira Encruzilhada ou quem sabe uma grande Cruzada rumo ao poder
concentrado da energia, da água e da terra. É disso que estamos falando. A
expansão de um único dono em mais de um milhão de hectares com a destruição de
comunidades rurais, deslocamento de famílias inteiras para a favelação nas
cidades e a concentração de poder. Esta nova situação vai influenciar por anos a
vida da sociedade gaúcha. A mesma sociedade que é desrespeitosa com a luta de
milhares pela Reforma Agrária abre as pernas para a invasão de uma única empresa
que vai aumentar a violência das cidades.

A busca pela energia (pasta de celulose), a terra (poder estratégico) e água
(Aquifero Guarani) faz com que a invasão tome conta de tudo rapidamente. Não há
tempo a perder. Planta logo que o poder garante.

Em nossas barbas, está se estruturando o MAIOR IMPÉRIO do século XXI. Uma
dominação que vai influenciar gerações futuras. Que vai excluir milhões de
pessoas e vai concentrar poder e capital para poucos. Uma dominação sem
precedentes que trará a insustentabilidade do nosso Estado.