sábado, 3 de outubro de 2009

monocultura de alto impacto ambiental







A monocultura que vai terminar na pobreza

Paulo Mendes Filho -
Diretor do Semapi (Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento,
Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do RS)

http://www.portaldomeioambiente.org.br/contribuicoes-de-nao-colunistas/1915-a-monocultura-que-vai-terminar-na-pobreza


O império da energia, terra e água.

Uma cidade, Encruzilhada do Sul. Uma monocultura, eucaliptos. Uma situação
insustentável. Miséria, favelas, pobreza e desilusão que tende a piorar. Basta
conhecer, observar e conversar com as pessoas, com os agricultores e as
agricultoras familiares do município para perceber o que está em curso.

A monocultura dos eucaliptos modificou a paisagem, a economia e principalmente a
estrutura social do município. Indo lá, vendo e conversando, observamos que a
invasão dos capitalistas está desequilibrando rapidamente a paisagem da região e
a estrutura social e econômica da cidade.

Quem ainda não vendeu suas terrinhas e insiste em ficar, convive com as visitas
dos desesperados animaizinhos que fogem da invasão. São mulitas, mão-pelada,
gato-do-mato, ratões e capivaras famintos que devoram tudo que veem pela frente.
As plantações, os maciços estão cada vez mais absorvendo a paisagem e
desalojando tudo que ali existe. As matas ciliares estão cercadas e
desprotegidas pela baixíssima possibilidade de alguém conferir se está dentro ou
não da lei ambiental.

Falando em lei, a conversa é de que existem dois pesos e duas medidas. A dureza
da lei ambiental para os agricultores e a moleza para os empresários da
monocultura. Tudo remando a favor dos novos senhores da terra, da energia e da
água. Tudo a favor para que os resistentes e teimosos agricultores tradicionais
e os ecochatos abandonem suas terras e suas ideologias a favor do império.

O poder público propagandeando empregos de papel e sinalizando impostos que
serão sonegados, apóia o projeto de olho nas contribuições de campanha. A adesão
individual de alguns técnicos do poder público também é observada.

Uma invasão de poucos e grandes empresários que está sendo facilitada e apoiada
estrategicamente pelo governo Yeda e por vários governantes municipais.
Incentivando politicamente o plantio. Recebendo recursos das empresas.
Facilitando créditos. Modificando o zoneamento ambiental da silvicultura.
Desestruturando a Fepam e a Emater (Extensão Rural) e permitindo a prática do
fato. Encontra-se em curso a maior ocupação de terra do Rio Grande do Sul por
parte de um único grupo. Um verdadeiro império!

Uma verdadeira Encruzilhada ou quem sabe uma grande Cruzada rumo ao poder
concentrado da energia, da água e da terra. É disso que estamos falando. A
expansão de um único dono em mais de um milhão de hectares com a destruição de
comunidades rurais, deslocamento de famílias inteiras para a favelação nas
cidades e a concentração de poder. Esta nova situação vai influenciar por anos a
vida da sociedade gaúcha. A mesma sociedade que é desrespeitosa com a luta de
milhares pela Reforma Agrária abre as pernas para a invasão de uma única empresa
que vai aumentar a violência das cidades.

A busca pela energia (pasta de celulose), a terra (poder estratégico) e água
(Aquifero Guarani) faz com que a invasão tome conta de tudo rapidamente. Não há
tempo a perder. Planta logo que o poder garante.

Em nossas barbas, está se estruturando o MAIOR IMPÉRIO do século XXI. Uma
dominação que vai influenciar gerações futuras. Que vai excluir milhões de
pessoas e vai concentrar poder e capital para poucos. Uma dominação sem
precedentes que trará a insustentabilidade do nosso Estado.

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